Neste meu espaço aberto, está exposto um livro incompleto......

27
Ago 09

 

Nessa noite quente de verão
Como em tantas outras noites
Libertaram-se os sentidos e no calor
Da discussão dos corpos acessos
Sussurro-te ao ouvido 
"Amo-te demais para que não me ames ainda mais
Apenas guardo em mim o medo de adorar"
E da minha voz rouca de paixão soltou-se ainda 
"Quero que me ames o quanto queiras
O quanto sintas, mas não quero que me adores
E sinto tantas vezes que é isso que fazes
Sinto-o no teu toque, no teu suspiro e sinto-o principalmente no teu olhar
E é desse sentir do olhar que me arrepio
E é nesse momento, em que o teu procura o meu
Em que os teus olhos me trespassam
Em que procuras a minha alma, o meu ser
É nesse momento que eu temo o meu próprio ser
Porque ele, o meu ser, se quer entregar e perder-se de mim"
Tu juntas as palavras, juntas os pedaços de mim
E levas-me e sinto que sem ti jamais serei novamente eu
E é então que me perguntas com ar cândido de entrega
"Estás triste?"
Lâguidamente respondo
"Porque estarei eu triste?
A vida sorri-me na tua forma de mulher"
"Tenho paz agora", respondes e eu pergunto 
"Então porque não dormes e me fazes despertar
E despertar-te?"
publicado por noitesemfim às 02:29

04
Ago 09

Caí a noite, portas fechadas a outros.

Na sofreguidão do desejo cola-se a pele, suores e odores, misturam-se.

Vozes roucas de paixão sussuram palavras que jamais serão ouvidas por estranhos.

Alheados do mundo exterior áquele ninho de amor, indiferentes e absorvidos no fogo que se reacende ao toque, ao beijo e ao olhar o tempo passa célere.

O desejo de afastar a hora de se separarem, transporta-os para um desejo de que nunca acabe o momento. 

Depois ficam colados na pele um do outro, prostração e enlevo.

Assim foram tantas vezes, as vezes que o desejo de um encontrou eco no do outro.

Rompe o dia e a angústia da separação invade-lhes o coração.

No ar fica a esperança de um dia seus corpos se invadirem outra vez.  

Por ora, acaba o sonho, interompido pela violência da realidade.  

publicado por noitesemfim às 10:27
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28
Jul 09

 

Esta noite quero embriagar-me na volúpia dos desejos.
No teu corpo fazer uma viagem alucinante.
Quero perder-me nos labirintos das coisas proibidas.
Quero beber no cálice do pecado.
E arder no fogo da paixão que me consome
Esta noite nada importa, nada.
Nesta noite tu só a mim pertences.
Na alma guardarei o teu sorriso desses instantes
E sempre que queira chorar, relembrarei em mim as tuas marcas.
Deixadas no auge do prazer.
O teu gosto o teu cheiro, jamais esquecerei.
Esta noite nos teus braços quero morrer.
Para não acordar amanhã e ter que te perder.
publicado por noitesemfim às 14:11
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16
Jul 09

Seguiu as suas pegadas leves, na areia branca da praia deserta. Não era preciso levantar o olhar, sabia exactamente onde elas se dirigiam.

Fora acertada a hora e o local.

O local era aquele, numa praia, a hora, o pôr do sol.

Quando a arriba deixou ver mar, viu-a, pés na areia molhada pelo ir e vir da espuma branca das ondas de maré calma naquele fim de tarde ameno, parada olhando o horizonte. O seu cabelo esvoaçava levemente embalado pela ligeira brisa vinda do oceano.  

Como que extasiado na deslumbrante imagem dela, esperou parado que ela se voltasse e o visse. A percepção de que era ali o seu porto, havia-o impulsionado, quase voando até aquele encontro.

Calmamente ela voltou-se e sorriu e a distância que ainda os separava ficou reduzida a nada. 
Como quem encontra saudoso amigo de longa data ou mesmo amor de vida toda, as mãos de ambos estenderam-se e tocaram-se e depois foram os corpos que se entregaram a um longo e terno abraço.

Ainda sem palavras ditas, ficaram a olhar-se durante um tempo que pareceu uma eternidade, porque pensavam saber antecipadamente o que iriam dizer um ao outro, mas na quela serenidade amena apenas os olhos falaram.

Com o olhar, disseram-se da urgência do toque, do afago na pele suave, do carinhoso afagar do cabelo, do beijo no pescoço, do acelerar da repiração, da excitação do toque das mãos pelo corpo inteiro, da entrega ao desejo até que este fosse saciado.

Num só olhar o mundo girou, o mundo de ambos se transformou . Barreiras ruiram, castelos construidos, pelas pedras que ambos houveram apanhado nos seus caminhos que nunca antes se houveram cruzado.    

Caiu a noite, ergueu-se a lua traçando nas águas calmas um caminho até aos milhões de estrelas que brilhavam no firmamento.

E foi nessa praia que se amaram pela primeira vez, corpos unidos, suados, indiferentes à ligeira maresia e uma e outras vezes, paixões em lume aceso com labaredas de gigantesca necessidade, abandonando-se ambos um ao outro.

Em breve o sol nasceu, e a estrada taçada pela lua, em direcção ao firmamento se alargou e o mar que havia sido de prata tornou-se em verde esmeralda.

De mão na mão, de coração com coração, as pegadas, agora lado a lado, foram-se afastando da beira-mar, com a certeza de ali voltar. Tal como a certeza de qua as suas vidas seguiriam para sempre lado a lado com as pegadas deixadas na areia daquela praia. 

 

publicado por noitesemfim às 15:07

15
Jul 09

Esta noite, quando a noite for dentro, muito dentro dela própria, dormirei.

Serei embalado na crista das ondas de um mar calmo, que morrem suavemente em areia branca de uma qualquer praia.

Aí ficarei sem despertar e sonharei.

Quando o quente e suave amanhecer estiver para acontecer, será na tua imagem que irei deleitar o meu olhar, e tal como o amanhecer, será suave e doce o meu despetar.  

publicado por noitesemfim às 00:44

09
Jun 09

 

Cinco da tarde e é noite cerrada em mim.
Eu que soldado sou, faço agora turnos continuos de sentinela.
Sem rendições temporárias resisto ao cansaço. É impossivel ficar dormente já que a minha atençâo zela por outros que soldados são e descansam.
Qualquer som, por mais surdo que seja me desperta de imediato os sentidos pondo-me o corpo em sobressalto e fazendo com que corra até ao lugar de onde me pareceu ter surgido.
Nâo, não é viver, é apenas sentir, é somente ter os sentidos em alerta, não vá o milagre acontecer.
Lembro-me da fábula, revejo-me na raposa que por não chegar às uvas que desespradamente pretendia comer, as deu como imaturas, inuteis, despreziveis até, e afastando-se da vide com fingida indiferença de imediato se voltou quando uma simples folha empurrada pelo vento esvoaçou e tocou o solo em surdina.
Assim estou eu, passa um carro levanto a cabeça, apuro os sentidos, toca o telefone e sofregamente o agarro, com redobrada esperança fixo o visor, ouço passos mesmo leves e ergo o corpo cansado, corro em direcção à porta na esperança de ver quem não é. Quando alguma voz me chama demoro a responder porque o tom não tem o da voz que anseio ouvir. Sem vontade respondo, por monossilabos carregados de tristeza que à força não quero deixar transparecer.
Rio com a alegria dos que me rodeiam, e por dentro choro lágrimas de tristeza infindável, infinita.
O pensamentos em turbilhão e eu que soldado sou, vou sentindo o amargo sabor da derrota.
Por vezes, porque soldado sou, sou impulsionado pela bravura ou será desespero? de pensar que é apenas uma batalha que estarei a perder.
E nesse momento, porque soldado sou, ergo as minhas reservas, tão poucas serão agora e penso, sonho, mesmo acordado, que a batalha será por nós ganha, porque soldado sou, tal como tu és.
E quando sonho, como em cenário já visto em antes, vejo as ruas engalanadas, as gentes, as nossas, aclamando em unissono, com a alegria espelhada nos rostos e abraçando-nos e chorando de júbilo pela nossa vitória.
Não esquecendo os atropelos das batalhas travadas, o ribombar dos canhões como vozes dissonantes, o som da metralha mortal, a lama das trincheiras que cavámos para nos proteger de uns, de outros e até de cada um de nós prórios, eu que soldado sou, assim sonho.
Depois como qualquer soldado, com todos os soldados desta vida, é o regesso a casa.
publicado por noitesemfim às 18:55
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