Sim essa mesma
A de um beijo
Perco o meu olhar na limpidez do teu, deixo correr por mim o cheiro primaveril da recordação e inebrio-me;
Inebrio-me nas doces recordações do teu sorriso, naquele sorriso que abria o meu mundo de sonhos;
De sonhos em crescente de aspiração ao passar dos anos ao teu lado reconfortado nos teus carinhos;
Carinhos de amiga e companheira, na certeza de minha seres e de ti e a teu lado ser sempre um ser;
Ser maravilhoso imposto ao meu sem imposição, na naturalidade do correr sereno dos tempos;
Tempos idos, passados, recordados agora com magoada saudade, profunda tristeza que a nada conduz;
Conduz apenas ao contar do tempo que corre, como se o tempo atrás dele corresse em velocidade estonteante;
Estonteante das sensações que me invadem o peito, todo o corpo, a vida inteira que resta, quando fugazmente me deixas perder no teu olhar.
Medir o tempo nem sempre será estarmos-nos a referir aos segundos que fazem o minuto ou aos minutos que decorrem numa hora ou às horas que soma um dia e por ai adiante.
Refiro-me à subjectividade que acontecimentos ocorridos em determinada data, emprestam à marcha do tempo.
Decorrem hoje 30 dias ou um mês, como preferirmos, que foi depositado na terra o corpo daquela que me deu o ser.
Este espaço de tempo que o calendário define, é o real, aquele durante o qual já não me foi possivel olhá-la, contemplá-la mesmo. E refiro apenas estes dois contextos, porque a enfermidade de que foi vítima por quase uma década não lhe permitia a ela saber quem era nem onde estava a não ser a espaços muito diminutos.
No entanto para mim a minha mãe estava ali, podia tocar-lhe, chamá-la, rir mesmo para ela.
Agora resta-me a recordação da sua doçura, e tantas outras e incontaveis boas recordações.
E na certeza de que um dia nos reencontraremos digo:
Que descanses em paz mãe.