Neste meu espaço aberto, está exposto um livro incompleto......

11
Ago 10

 

Este calor que queima por dentro

Não acalma nesta chuva que abrasa

Deixo escorrer a água pelo corpo

Encharco até os sentidos

E desnudo-me perante a noite

Sopra cálido vento nesta enseada

E nela se reflectem as estrelas

Mas é uma chuva morna

Da qual escorrem lentamente

Pequenos segredos que não encaixam

Não importa e nem interessa, eu sei

O importante era recolhê-los, colá-los

Fazer de pequenos, apenas um, grande

E depois, depois abri-lo, revelá-lo

Deixá-lo não ser segredo, mas despontar

À luz do sol, da lua ou das estrelas

Mas esta vontade não é constante

Tem tempos, sempre teve e tem

Como eu tenho momentos, ela os tem

Quem sabe, talvez um dia

Quem sabe?

Só eu saberei mas ainda não

Sinto que agora não é o tempo

E dói

publicado por noitesemfim às 12:31

01
Ago 10

 

 

Esta pele que envergo, desde o ventre da minha mãe

Sinto-a plena de cheiro a mar sem que este a tenha beijado cedo

Mais seria o sabor da terra que dela devia exalar

Pois foi mais da terra o calor, que primeiro a banhou.

 

Esta pele que envergo desde o ventre da minha mãe

Recebe o sol em todos os areais e mantos verdes

Envolve-se nas cálidas águas de mares que nunca antes conheceu

E devolve em forma de exalo suas doçuras e cores

 

Esta pele que envergo desde o ventre da minha mãe

Pele única que alberga sem pecado e sem razão, amarguras

E sem que lhe seja dito deixa-as entrar em mim

E de mim sai por esta pele sem que possa evitar, o amor

 

Esta pele que envergo desde o ventre da minha mãe

Guarda em mim a dor, se ela existe e num continuar contínuo

Por esta pele apenas sai agora, o que de melhor eu trouxe

Do cálido e doce aconchego do ventre da minha mãe.

 

 

 

 

 


publicado por noitesemfim às 10:06

24
Mar 10

 

Agora eu estou cansado

Cansado de toda uma vida

Mas sei, eu sei que vou partir

E comigo levo um abraço guardado

Tesouro a guardar junto ao peito

Para entregar apertado ao voltar

 

E vou, daqui a pouco eu vou

E quando lá estiver eu quero ficar cansado

Tão cansado que não sinta a distância

E que no cansaço olvide saudades

Me imunize da tristeza, acalme a ânsia

E que o despertar seja esperança

 

Agora eu estou cansado

Cansado de toda uma vida

E ao voltar dar-te-ei num sorriso

Um abraço que guardei junto ao peito

E no sorriso que receberei

Estará a força que preciso

publicado por noitesemfim às 01:08
sinto-me:

19
Mar 10

 

Aos meus filhos:

 

São sóis de amor na minha alma
Estrelas brilhantes de luz e vida
Fases de sobressalto, paz e calma
Sois razão única deste meu viver
Meu orgulho, meu carinho e meu querer
 
 
publicado por noitesemfim às 19:28

03
Mar 10

É noite

 
Renasce em mim esta vontade de partir, calcorrear
sem destino vales e montanhas, segurar nas minhas
mãos a chuva, que me molhará de novo o rosto,
num eterno renovar de frescura. 
Renasce em mim a vontade de calcar os pés na lama
da estrada que eu desejo enlameada.
Ah, percebesse eu esta maneira de ser de mim
próprio e tudo tão mais claro seria.
E sorrio, eu sorrio e não sei agora se de mim ou
como noutras vezes para mim. 
E tantas são as vezes que sorrio apenas para mim,
mas são de mais as vezes que ninguém me vê as
lágrimas correr quando reconheço que o que eu
pensava ser não fui.
É noite e não tenho a certeza se alguma vez serei
aquilo que agora quero, porque tantas vezes eu nem
sei o que quero ser.
Mas quando o dia renascer eu serei.

 

 

 

publicado por noitesemfim às 22:27

05
Fev 10

 

Eu...
Abandonei-me ao vento e amei
Fixei meu olhar no horizonte e vi
A minha felicidade, desfraldada numa imagem
E ali, abandonado ao vento reneguei
Apenas ser o resto de uma ilusão
Em desmesurada ambição da liberdade
Vão-se perdendo rumos ou destinos ou vidas
Sendo as grilhetas a mais valia ou paga
Porque num ápice esmorecem as cores
Que nortearam a esperança ou breve felicidade.

Eu…
Abandonei-me ao vento e amei
Já não posso esquecer quem sou
Nem sonhar ser ave perdida no espaço
Calco meus pés na areia
E vinco os meus passos fortes
Enterrei minha sede de saber
Onde estava e de quem era a vida
E do abandono resurge a certeza  
Vivo ?...Morro ?.
Mas um dia talvez eu descubra

O paradeiro da insensatez, que foi guia

Um dia

publicado por noitesemfim às 16:27

17
Jan 10

Hoje, tal como ontem.........

 

 

Não, não me venham falar de razão
Eu assumo que sou um destino incerto
Alguém quer se quer longe e perto
Incoerente, vivendo apenas de emoção
 
Meus gestos e movimentos são paixão
Jamais se poderão medir meus sentimentos
Gélidos quase nunca, quase sempre intensos
Não, não me venham falar de razão
 
Não, não me venham falar de razão
Vivo sem prazo nem data marcada
Sinto-me tudo e tantas vezes nada
Tenho o rumo da minh’alma no coração
publicado por noitesemfim às 15:46

07
Dez 09

 

Nasce o dia e o dia morre
Porque o tempo é coisa viva
Igual ao vento que corre
Por esse mundo à deriva
 
De onde é que veio o tempo?
Pra onde é que o tempo vai?
Quem é que lhe deu o seio?
Quem é que foi o seu pai?
 
Neste mundo encantador
Existe tudo aos montões
Corre a vida e o amor
Entre montes de ilusões
 
Tudo o tempo vai trazendo
Tudo em seguida levando
Tudo novo concedendo
Tudo velhinho roubando
 
Novinho é que fui trazido
À ventura não sei de onde
Gastinho serei escondido
Aonde o tempo se esconde
 
Antes de mim veio alguém
Depois de mim virão mais
Que se hão-de esconder também
Nos tempos ditos finais
 
O tempo é uma rotina
Solstícios e equinócios
Este mundo uma cantina
Uma casa de negócios
 
Tudo dá e leva dado
O que traz torna a tirar
Quando eu estiver aviado
Já sei que me vai levar
 
Porque a foice roçadora
Tem a folha sempre pronta
Onde quer a bomba estoira
Porque o tempo fez a conta
 
E como tudo surgiu
Antes de ao mundo eu chegar
A tempo tudo partiu
Eu não posso cá ficar
 
(Poetas da minha terra - Manuel Carrajola)
 
 
 
publicado por noitesemfim às 10:03

29
Out 09

Quando

As lágrimas te molharem a face

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria poder secar-tas

 

Quando

A tristeza te bater à porta

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria fazer-te sorrir

 

Quando

A solidão te doer

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria dar-te a mão

 

Quando

Um sonho de esperança te surgir

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria fazer parte desse sonho

 

Quando

Porventura pensares que tudo é nada

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria que sejas tudo

 

Quando

A noite invadir o teu dia

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria poder ser o teu sol

 

Quando

Te assaltarem as dúvidas

Lembra-te de mim

Porque

Eu queria ser uma certeza

 

Porque

Quando eu não sei onde estou

Porque

Quando eu não sei quem sou

Porque

Quando eu não sei como sou

Porque

Quando eu não sei como vou

 

É para ti que eu voo

publicado por noitesemfim às 01:22

25
Set 09

Amanhã

Seja eu cavaleiro andante
E sim minha odalisca és
E na ternura dos meus braços
Descansas dos movimentos
Das ondas do calor outonal
É neles que esperas sonolenta
O frio da invernia que virá
Como quem deseja a intempérie
Para como num doce regresso a casa
Se aquecer em lume de chama acesa
E quando a chama for brasa
Nela se queimar daquele fogo
Que arde e reacende sem visto ser
Mas que transporta em si  
O desejo de ser e de ter
Um lugar onde viver de encantos
De verdes esperanças, como são
De amarelos campos férteis
De altas e alvas brancuras
E até de despidas árvores
Mas sempre em braços de afectos
E em cálidos beijos suaves repousar 
E em mil sorrisos afogar
Outras tantas mágoas e queixumes
Afinal, apenas como em berço
Olvidar batalhas travadas
E de guerras perdidas
Cantar vitória sem dôr 
Apenas viver, amor
 
publicado por noitesemfim às 23:35

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