Dois minutos de ontem passavam, quando as notas do "parabéns a você" se fizeram ouvir e em simultâneo, no écran deste quase mágico meio de comunicação, passavam ilustrativas imagens dos desejos que eu fosse feliz, que fossemos felizes, afinal.
Uma da manhã de ontem, ouvi abrir-se a porta da rua e depois aquele:
" Então pai, parabéns"
Estampou-se-me um sorriso no rosto enquanto abraçava o filho do meio.
Sete e quinze, despertei.
Ergui-me da sonolência matinal e acordei o caçula:
-Bom dia filhote, toca a levantar.
Obtive um resmungo do fundo aconchegante das mantas.
Depois das normais deambulações e atribuladas tarefas matinais, penteados especiais incluidos, lá estavamos às oito e quinze à porta da escola.
" Até logo, pai"
Algumas mensagens e telefonemas depois fez-se hora de recolher o filhote novamente e começaram as conversações para estabelecer a ementa e o local onde seria degustada.
Enquanto conduzia para o infalivel MAC, ele, o filhote recebe uma chamada e finalmente e entre sorrisos e gargalhadas:
"Pai fazes anos hoje?"
- Sim faço.
"Não me disseste nada"
-Quando tu fazes anos, és tu que me dizes?
"Mas eu peço-te logo uma prenda, por isso sabes. Quantos são? Ah! Ah! Ah! são para aì uns setenta, não?"
-Não, meu amigo são cento e vinte.
"Na, eu sei que são cinquenta e três, parabéns"
Resultado: Macdrive e casa.
Mais msgs e telefonemas.
Quinze e trinta, convite da filhota para tomar café, aceite claro.
"Parabéns pai", entre beijos e abraço apertado.
Escondo a lágrima, como sempre faço.
Dezanove e tal, todos os quatro, os meus filhos e eu, reunidos na sala e eis chegada a hora de receber deles as prendas. Lindas, todas.
Manifesto bom gosto de quem as escolheu, a minha filha pois claro!
-Mas isto é para ficar aqui, certo? (Obrigado a ti, filhota por aquelas folhas brancas que um dia te farei chegar às mãos mas já coloridas - não esqueças que cinzento e preto também são cores).
Vinte e trinta sentados à mesa, agora também o Óscar estava presente, jantámos e rumámos a casa.
Vinte e duas, mais ou menos, um bolo, duas velas que apaguei dum sopro só, ainda dum sopro só.
O espumante que acompanhou o bolo foi servido entre as normais observações do mais pequeno:
"Só isto? Quero mais, já não sou bébé"
-Pronto só mais um pouquinho, já chega.
Brindámos "Saúde para todos e que sejamos felizes um dia"
Final de festa!
Quero apenas contar-te um segredo.
Apesar da tua ausência, a tua presença foi constante.