Este calor que queima por dentro
Não acalma nesta chuva que abrasa
Deixo escorrer a água pelo corpo
Encharco até os sentidos
E desnudo-me perante a noite
Sopra cálido vento nesta enseada
E nela se reflectem as estrelas
Mas é uma chuva morna
Da qual escorrem lentamente
Pequenos segredos que não encaixam
Não importa e nem interessa, eu sei
O importante era recolhê-los, colá-los
Fazer de pequenos, apenas um, grande
E depois, depois abri-lo, revelá-lo
Deixá-lo não ser segredo, mas despontar
À luz do sol, da lua ou das estrelas
Mas esta vontade não é constante
Tem tempos, sempre teve e tem
Como eu tenho momentos, ela os tem
Quem sabe, talvez um dia
Quem sabe?
Só eu saberei mas ainda não
Sinto que agora não é o tempo
E dói