Neste meu espaço aberto, está exposto um livro incompleto......

04
Jul 09

Aqui  está-se sossegado

Longe do mundo e da vida

Cheio de nao ter passado

Até o futuro se olvida

Aqui está-se sossegado

 

Tinha os gestos inocentes

Seus olhos riam no fundo

Mas invisiveis serpentes

Faziam-na ser do mundo

Tinha os gestos inocentes

 

Aqui tudo é paz e mar

que longe a avista se perde

Na solidão a tornar

Em sombra o azul que é verde

Aqui tudo é paz e mar

 

Sim, poderia ter sido

mas vontade nem razão

O mundo tem coduzido

A prazer ou conclusão

Sim, poderia ter sido

 

Agora não esqueço e sonho

Fecho os olhos, oiço o mar

E de ouvi-lo bem, suponho

Que veio azul a esverdear

Agora não esqueço o sonho

 

Não foi propósito, não

O seus gesos inocentes

Tocavam no coração

Como invisiveis serpentes

Não foi propósito, não

 

Durmo desperto e sózinho

Que tem sido a minha vida?

Velas de inútil moinho

Um movimento sem lida

Durmo desperto e sózinho

 

Nada explica nem consola

Tudo está certo depois

Mas a dor que nos desola

De um não serem dois

Nada explica nem consola

 

 

Fernando Pessoa - Poemas Inéditos

 

 

 

  

 

publicado por noitesemfim às 18:40

Há poucas horas atrás, falando de viva voz, com um amigo abordámos o tema que dá o titúlo a este post.

Criamos "fantasmas" dentro de nós, perante situações muito variadas. São os "fantasmas" que nos assolam o pensamento, inibindo o raciocínio lógico e fazendo-nos centrar quase em exclisividade nestes.

E não é fácil libertarmo-nos dessas imagens que atingem proporções de grandeza tal, que algumas nem o tempo conseguirá alguma vez limpar do subconsciente, e vão estar sempre presentes na nossa mente e ao menor estimúlo desencadeiam actos, palavras e um turbilhão de outra coisas.

Alguns de nós recorrem à terapia como forma de ajuda para "limpeza". Nada a criticar, é claro

Outros recorrem à meditação, ao isolamento, tentando encontrar dentro de si o ponto de equilíbrio, aquele "não sei o quê" que todos temos em formato exclusivo e único. Da rapidez com que se encontre esse "não sei o quê" depende a forma como nos libertaremos dos nossos "fantasmas". 

Pensamos que com o passar dos anos, com as vivências e experiências, nossas e de outros, adquirir um conhecimento de nós próprios e com extrema facilidade dizemos ou pensamos que temos o controlo de quase todas as situações observadas e afirmamos " se fosse comigo era assim que faria".

O problema residirá no facto de quando elas nos dizem directamente respeito. Aì "outro galo cantará",  o nosso,  e se pensámos que tinhamos a solução, perante contingência semelhante, mas na "casa/carola" de outrém, não é tão certo que seja aplicável na nossa, não de forma tão linear.

Cada um tem que se libetar dos seus "fantasmas" ou não os deixar tomar forma sequer, ou sujeita-se a processos dolorosos de "libertação" para a vida. 

 

(in "minha carola" - JP) -to JE         


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