Caí a noite, portas fechadas a outros.
Na sofreguidão do desejo cola-se a pele, suores e odores, misturam-se.
Vozes roucas de paixão sussuram palavras que jamais serão ouvidas por estranhos.
Alheados do mundo exterior áquele ninho de amor, indiferentes e absorvidos no fogo que se reacende ao toque, ao beijo e ao olhar o tempo passa célere.
O desejo de afastar a hora de se separarem, transporta-os para um desejo de que nunca acabe o momento.
Depois ficam colados na pele um do outro, prostração e enlevo.
Assim foram tantas vezes, as vezes que o desejo de um encontrou eco no do outro.
Rompe o dia e a angústia da separação invade-lhes o coração.
No ar fica a esperança de um dia seus corpos se invadirem outra vez.
Por ora, acaba o sonho, interompido pela violência da realidade.