Neste meu espaço aberto, está exposto um livro incompleto......

02
Set 10

 

Sabes, apetece-me escrever-te!

Mas as palavras não saem, não as consigo fazer escorrer pelos dedos para o teclado.

Estão na minha mente às voltas como se estivessem a ser atiradas de um lado para o outro pela força destruidora de um tornado.

É por isso que as não consigo alinhar, é por isso e pela tua ausência.

Sei que na tua presença me acalmo e as palavras alinham-se e os meus dedos já não correm para as teclas.

Hão-de correr para ti, para as tuas mãos, para a tua face e hei-de envolver-te no meu olhar. Sei que é ele o que primeiro vais desejar, o meu olhar, tal como ele deseja o teu em primeiro lugar.

São eles, os nossos olhares que, como desde o primeiro dia se vão envolver e amar.

Só depois dos olhares se amarem o desejo nos vai invadir. Sabemos isso ambos.

Vai ser como ter tudo e não poder ter nada, nada mesmo. O tempo que quero passe lento quando te olhar e que desesperadamente queria agora que voasse, vai ser tão rápido então, que pressinto já, e ainda não chegaste, vai então voar à velocidades da luz. Por isso é nos olhares que faremos perdurar as imagens e sensações que serão partilhadas. Essa partilha vai ser complexa e simples.

Complexa porque eu quero ver nos teu olhos o prazer que sentes quando olhares isto ou aquilo e simples porque vais olhar as coisas pelos meus olhos, como sempre fizemos.

Mas as palavras não se alinham na tua ausência. Na tua ausência adivinho o quereres estar aqui junto de mim para que possas sentir-me e eu beber as teus menores gesto enfado, os teus suspiros os teus  simples desejos, que quero meus para adivinhar e satisfazer. Assim vai  ser de mim para ti de ti para mim, ambos sabemos.

E vão as noites para ti ser frias e para mim de sufoco, e frias também. A contradição reside sempre na distância, que tão escassa é depois de chegares, mas quase intransponível.

Mas os olhares, esses vão-se amar e as palavras calar-se-ão e  de manhã estarão alinhadas lado a lado.

Vem depressa, quero olhar-te!

 


publicado por noitesemfim às 23:18
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22
Ago 10

A lua no teu rosto

Levanto o olhar sobre o teu, tentando ver o fundo
E subitamente a luz pálida do quarto minguante
Como que num sorriso sem sombras
Mostra-me o teu rosto, arquejante ainda

Abrem-se teus olhos, quais janelas
E ilumina-se o teu rosto, perante o meu
Apenas a luz difusa da lua é testemunha
Do voo em arco que os corpos descrevem

E assim, de olhos abertos à noite, após outra
Aceleras o teu ritmo que o meu desejo quer

E num final previsto e sempre incerto, mas certo

Milhões de estrela iluminam as galáxias

E no amanhã da tua vida e não da minha
Deixo-te o azul de um mar diferente, o dos meus olhos
E dentro de mim ficará o sabor do teu corpo
O mel que me deste foi quanto me podias dar

Noutros mares e os continentes o queria ter
E nessa certeza, a incerteza de uma chegada
Breve ou distante, mas doce seria poder abraçar-te
E no teu ventre descansar a minha mão, em terra minha

Ali, também a lua traça caminhos nas águas
Também as estrelas brilham em olhos, mesmo nos teus
E o mel que bebi neles outro sabor teria
Assim o destino tenha traçado nossos rumos

publicado por noitesemfim às 07:06

11
Ago 10

FOR YOUR EYES ONLY

 

Sinto que estás perto do sonho

Olha, estica a tua mão e segura-o

Não, não o deixes ser fumo

E nem água, nem areia

Que nenhuma mão segura

Eu,eu escrevo com uma parte do meu corpo

A que me há-de um dia, fazer sucumbir

É dali que jorram as palavras

E depois é só por pontos e virgulas

E às nem isso faço, não há tempo

Mas agora penso e claramente vejo

Tenho o que preciso

De seguida interrogo-me, mas tenho eu o que quero?

Será que sempre fui e nunca fui

Que ainda sou e nunca serei

Sempre que estou e não me encontro

Mas agora sou, sim agora sou

Não porque queira apenas ser

Mas porque me impele a natureza

E nem a desdita me fará recuar

Venha uma tempestade ou mesmo mil que sejam

Esperarei pela bonança porque ela sempre chega

Sempre!

publicado por noitesemfim às 15:23
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Este calor que queima por dentro

Não acalma nesta chuva que abrasa

Deixo escorrer a água pelo corpo

Encharco até os sentidos

E desnudo-me perante a noite

Sopra cálido vento nesta enseada

E nela se reflectem as estrelas

Mas é uma chuva morna

Da qual escorrem lentamente

Pequenos segredos que não encaixam

Não importa e nem interessa, eu sei

O importante era recolhê-los, colá-los

Fazer de pequenos, apenas um, grande

E depois, depois abri-lo, revelá-lo

Deixá-lo não ser segredo, mas despontar

À luz do sol, da lua ou das estrelas

Mas esta vontade não é constante

Tem tempos, sempre teve e tem

Como eu tenho momentos, ela os tem

Quem sabe, talvez um dia

Quem sabe?

Só eu saberei mas ainda não

Sinto que agora não é o tempo

E dói

publicado por noitesemfim às 12:31

01
Ago 10

 

 

Esta pele que envergo, desde o ventre da minha mãe

Sinto-a plena de cheiro a mar sem que este a tenha beijado cedo

Mais seria o sabor da terra que dela devia exalar

Pois foi mais da terra o calor, que primeiro a banhou.

 

Esta pele que envergo desde o ventre da minha mãe

Recebe o sol em todos os areais e mantos verdes

Envolve-se nas cálidas águas de mares que nunca antes conheceu

E devolve em forma de exalo suas doçuras e cores

 

Esta pele que envergo desde o ventre da minha mãe

Pele única que alberga sem pecado e sem razão, amarguras

E sem que lhe seja dito deixa-as entrar em mim

E de mim sai por esta pele sem que possa evitar, o amor

 

Esta pele que envergo desde o ventre da minha mãe

Guarda em mim a dor, se ela existe e num continuar contínuo

Por esta pele apenas sai agora, o que de melhor eu trouxe

Do cálido e doce aconchego do ventre da minha mãe.

 

 

 

 

 


publicado por noitesemfim às 10:06

30
Jul 10

A ti Jota :)))

 

Afinal porque nunca te escrevi eu?

Sabes, eu tenho-te como o mais puro dos cristais. Encarnas na preciosa peça da minha colecção de tesouros, os que partiram e os que permanecem e mesmo dos que hão-de vir.

Tive o pai que me parece ainda não ter conseguido ser. E foi tão breve o tempo que o tive, no entanto são tão belas as memórias que me restam, para sempre. Fica-me a imagem, que nunca verei, dum sorriso aberto e terno embalando no colo os meus meninos, que seriam dele também.

Em ti, sem que vejas, encontro essa bondade que queria para mim, sempre!

Sou, estou aqui para que tomes quanto possas querer de mim. E mesmo que não queiras, eu estou!

Quero tantas vezes, inumeras vezes, saber entrar e como que fracasso e nem isso sei se é correcto, o fracasso.

Mas que sejam estas palavras, o registo primeiro de como ainda posso aprender.

Jamais desistirei filho, és mais que a vida e outros filhos o são, a par de ti.

Que importam outras certezas?

Tudo muda numa fracção de tempo tão infima e imesurável, apenas não muda o amor, a capacidade de amar que cada um tem de raiz.

Amarga-nos a vida, sombras, nuvens e tempestades empurram-nos de um lado ao outro mas quem tem a capacidade de se entregar, logo lhe aparece nos olhos o pequeno brilho, a chama que aquece corações e reconforta a alma.

Disse-me a mim próprio e já o tenho feito ouvir que, uma jaula não tem que ter apenas uma saida e sabes que tantas vezes dentro delas nos sentimos. Aprendamos, mesmo com subtileza que seja, a encontrar nas jaulas das nossas vidas outras saidas que não aquelas por onde entrámos.

Afinal porque nunca te escrevi? Ou antes, porque não te tinha ainda escrito?

Não tenho a certeza de ter já uma explicação, que nunca será lógica, repara.

Foi agora, foi bom, trouxe-me paz, prolonga-se a minha fé.

Mas tu és do mais puro cristal da minha colecção de tesouros que permanecem.

Com amor, do teu pai.

 

Ps: SÊ.

(algures neste livro inacabado está explicado o que pretendo dizer com a expressão sê)

publicado por noitesemfim às 11:47

25
Jul 10

 

E mesmo sendo noite de pouco luar

Foram enormes arco-íris que vi

Tão distintos que lhes adivinhei príncipio e fim

Porém nunca o farei, procurar-lhe o fim

Deixo-lhe o mistério sobre o que lá se encontra

Porque eu reservo sempre um mistério, eternamente

E nesta eternidade que quero morna e cálida

Vou ouvindo os sons distintos da vida

Tais como o teu sorriso, repentino e alegre

Que surge do teu silêncio imaculado

publicado por noitesemfim às 21:36
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09
Jul 10

Ao meu filho mais novo.....

 

O dia passou, começa a desvanescer-se agora a mágoa.

Queria ter estado na tua vida ontem, tal como quero estar lá todos os dias, sempre.

Mas sabes que apesar da ausência física és parte de mim.

Sempre estás em mim de forma inseparável, num processo irreversível começado há mais tempo que aquele que ontem celebraste e que jamais terminará...

Lamento não te ter abraçado, mas a tua voz chegou-me ao coração, como um sorriso.

Ali permance como recordação.

 

Parabéns filho!

 

 

publicado por noitesemfim às 09:01

14
Jun 10

Não queria ser profeta

Para o destino prever

Mas ter o dom do poeta

E lindas palavras te escrever

 

 

À minha filha.....

 

Vi há pouco o teu sorriso

E tão fundo ele me tocou

Li teu olhar terno e amigo

Que nem o tempo mudou

 

De outrora então lembrei

Teus caracóis soltos ao vento

De ti pequenina, e eu pensei

Explicar-te este sentimento

 

Em quente tarde de Verão

Quando minha janela se abriu

Dentro do meu coração

Brilhante estrela caiu

 

E é com um singelo desejo

E este não tem idade

Poder ter sempre ensejo

De ver a tua felicidade

 

 

Um enorme beijo de parabéns!

JP

publicado por noitesemfim às 01:11
sinto-me:

06
Jun 10

 

 

 

 

 

 

(POR FAVOR DESLIGUE O GENÉRICO DESTE BLOG)

 

 

Mãe,

 

Entreguei-te à terra um dia e contigo foi parte de mim

Outras partes dispersas, por aqui ficaram

Umas, presas nos sorrisos dos filhos meus, netos teus

Outras sós, que vou recolando e sobre as quais me reergo


Mas mãe,

É na tua solidão, daquela em que me deixaste

Que recolho a grata memória do teu puro amor, incondicional

Dessa solidão ressalta a lembrança dum sorriso iluminante

Um gesto mágico, um afago doce como mel, o teu

E há medida que o tempo passa, impiedoso, inexorável

Mais em mim se reacende a recordação que nem o tempo apaga


Mãe,

Eu sei que de ti vou ficando cada vez mais só

Mas como disse há um tempo e este tempo não tem medida

Porque tive o previlégio de ser carne da tua carne, sangue do teu sangue,

Guardo em mim a grata esperança de te reencontrar


Mãe.

publicado por noitesemfim às 00:54
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