Sem saber como, a escuridão invadiu o mundo, apesar do luar espelhado, do brilho das estrelas cintilantes e do sol escaldante quando dia é.
É como cegar vendo, um desfilar de vida sem destino, um destino sem local de paragem, qual mar tão profundo que não permite a ancoragem.
Sem causa para defender, mantem-se o ser no limbo de onde não há hora nem tempo para escapar. É como flutuar em mar morto sem terra à vista, apenas agarrado à tábua invisivel que não nos deixa afundar. Golfadas de salgada água entram a jorro sabendo como fel do mais amargo.
E sem razão, a espera tem esperança, como que contariando as forças da natureza, aquelas que o homem não domina.
Definham orgãos, teimando a vontade em não ceder, mantendo vida no quase acabado ser.
Mas sabe-se que súbitamente surgirá a mudança e no menor e mais breve espaço de tempo, num ápice, num lapso de tempo, incontornavelmente impulsionado pela razão da causa que de justa se intitula a tempestade vai acontecer.